sábado, 27 de agosto de 2011

Melodias - Wesley Pereira

 

Quando estamos na adolescência a maioria de nós pensa somente em curtir e não liga muito para responsabilidades. Conheço um menino bacana que não possui essas características, diferente de muitos adolescentes.

Um menino responsável e trabalhador, ajuda sua mãe num bar, humildade que se esbanja. Aos poucos vi que ele tem uma vida muito farta, pois de segunda a sexta vai para escola e participa de várias atividades. Uma delas é tocar seu instrumento preferido: um trompete.

Melodia a cada sopro, fluindo seus sentimentos. A essência de notas não proclamadas por outros instrumentistas. Cada nota uma passagem de sua vida. Toca como se não houvesse o amanhã.

Com aquele instrumento faz magia, tal magia que envolve quem está ao seu redor. Parece que esquece seus problemas, pois o que importa naquele momento é transformar este algo comum em sua personalidade.

Toca sem um rumo, pois não sabe ao certo seu caminho e o que o amanhã lhe trará de presente. Toca por prazer e com apenas um objetivo: que suas melodias cheguem até você e façam saber qual é o verdadeiro sentido de viver.


O autor é aluno do 1º ano do Ensino Médio - EEEFM "Prof. José Leão Nunes".

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Despedida de um 121 - Kennedy Breuel


Em abril de 1997 ocorria uma onda de delitos no bairro Boa Sorte, no coração de Cariacica e eu, Tiago, fui acusado de ter cometido uma série de crimes. Entre eles, homicídio. Graças a Alex e Rafael, donos da boca de fumo, fui delatado. Então, fui para o sofrimento e meu rosto estava estampado em todos os jornais da Grande Vitória.

O comentário era geral. Todos diziam: pegaram “o maníaco do BS”. Enquanto eu ia para a cadeia, policiais me espancavam. Nesse momento eu lembrava a vida miserável que levava num barraco de dois cômodos. O cheiro de comida estragada se espalhava sobre a casa e eu morava só. Meu irmão foi preso pelos 121 e 157, meus pais foram mortos por traficantes. Cada um recebeu vinte e seis facadas. Aí não tive escolha: tive que entrar na vida bandida.

Fui condenado a 25 anos de cadeia, sem visitas de familiares. Já se passaram 13 anos, minha filha já deve estar uma moça e eu abandonado, descalço, com fome, baratas me rodeando e ratos espalhando urina e fezes. Meu Deus, já não aguento mais! Barba grande e eu estou fedendo, com hematomas de tantas surras de policiais. Mas isso tudo não dói mais do que a saudade da minha família. Arrependo-me por ter descarregado um pente na cabeça de um cidadão que me chamou de “noia”. Para manter minha pose, fui obrigado a tirar sua vida.

Não dá mais, estou me despedindo de todos os meus amigos, se eles ainda estão vivos. Pedi ao guarda para entregar essa carta a vocês, tios. Estou indo encontrar minha mãe e meu pai. Nesse momento já enrolei o lençol e parti para o encontro. 


O autor é aluno do 9º Ano do Ensino Fundamental - EEEFM "Prof. José Leão Nunes".